Raramente a TV exibe um programa que nos surpreenda como fez comigo na exibição do filme "Um homem sem importância" (1971) de Alberto Savá. O filme foi exibido pela TV Brasil que tem uma programação legal, principalmente nos documentários e filmes.
A película conta com a participação com um dos maiores ícones do teatro brasileiro de comédia e crítico: Oduvaldo Viana Filho.
Ele, conhecido mais como dramaturgo, nos brinda com uma interpretação verdadeira, ou seja, o que ele pensa e sente sobre o Brasil e o mundo. Muito das vezes os personagem se confunde, de tanta dedicação emotiva que ele passa ao personagem.
Oduvaldo é Flávio, um homem que acaba ficando desempregado de uma bolicheria, devido a uma briga com um grupo de jovens que jogava bolas nas garrafas, quando ainda os homens a organizava para ter o jogo novamente. E ai a sua peregrinação em busca de um emprego para que possa viver decentemente. As barreiras que encontra é a incompreensão do pai que critica seus constantes desempregos e agora a sua demora para procura emprego.
A dificuldade que encontra é conhecida por nós nesse século agora, que é a falta de capacidade técnica (a música Kardex de Denoy de Oliveira feita em voz e violão na trilha ao fundo é para refletir e rir ao mesmo tempo) experiência profissional e a barreira da idade que na época achava que pessoa de 30 anos que ficasse desempregada era vagabundo ou inválido (hoje se melhorou um pouco até 45 anos)
A sua frustração se reflete nos passeios que dá pela cidade do Rio de Janeiro onde acaba relaxando. Nesse passeio acaba encontrando um japonês massagista que acaba falando que deixou sua terra por falta de... Emprego, desmentindo a fala de Flávio que o Japão é um pais ideal para se viver. Encontra o amigo de muitos anos que também procura emprego e que mostra seu lugar secreto para relaxar que é o alto do mirante do Leblon. Ali é a sua fuga, uma fé que tudo vai dar certo. E até encontra seus algozes que foram responsáveis por sua demissão. Nesse encontro acaba descobrindo pessoas frágeis que formam um mundo anárquico onde em grupo querem "viver a vida" fácil onde a diversão, usos de drogas e bebidas e o deboche com a sociedade são formas de expurgar os males de um país que vive uma ditadura.
Não adianta reclamar que o filme não tem ação, porque é um filme reflexivo. É para ser pensado em cada coisa que é citada como a cena que fica minutos escrevendo um currículo. Tem que se olhar as mãos do personagem para saber a mensagem que passa.
Adiantando o final do filme, que também tem uma cena reflexiva, ele acaba tendo uma briga com o pai e começa a falar as suas mágoas com o pai que não deixou estudar o suficiente porque tinha que ajudá-lo na sua oficina. Ai que é um desabafo sincero onde ele ofende o pai por não ter o deixadoele progredir nos estudos e começa quebrar os pratos. E depois o final acaba recolhendo um por um. Um significado que procura rever sua vida.
Fiquei emocionado com cada mensagem no filme porque vi várias cenas que parece com que vivi e vivo: a eterna procura por emprego.
O filme já naquela década de 70 já denunciava a campanha mentirosa do governo militar que dizia que o brasileiro vivia empregado. Apesar de quase 40 anos do filme, ainda, apesar de uma pequena melhora, continua a mesma coisa.
Cadê programas na TV que denunciam isso? Estão todas corrompidas pelo sistema que através de seus fartos patrocínios que acabam escondendo essa realidade.
Fiquei feliz e emocionado de ver tudo nesse filme que apesar de preto e branco e com algumas falhas de roteiro e continuação de cena teve o principal: verdade dos fatos
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