A professora Andréia fazia seu primeiro ano na rede estadual e tinha um modo moderno de dar as aulas, mesmo que a turma fosse desinteressada ou que tivesse materiais escassos para suas aulas. Suas aulas me tocaram profundamente devido ela sempre estimular o nosso senso crítico, a ponto de mudar todo meu pensamento desde quando a conheci a diante.
Andréia já tinha antes de dar as folhas sobre ditadura militar, me emprestado livros sobre a confederação do Equador e sobre a revolução francesa. Eram na verdade gibis paradidáticos para cativar jovens.
Quando ela me deu um monte de folhas em preto em branco falando sobre ditadura militar, pensei em jogar fora porque além de muitas folhas com palavras pequenas, não era o assunto que achasse que renderia um tema na feira, como não rendeu.
Mas quando eu comecei a ler aquelas folhas comecei a ficar chocado com as informações sobre um um governo autoritário no Brasil que perseguia com cadeia, morte e cassação de direitos políticos e humanos pessoas que queriam democracia. Me assustou mais ver fotos de corpos de pessoas torturadas já falecidas.
Desde então comecei a me interessar sobre esse tema que apesar de ser um episódio mais nebuloso de nossa história, era um assunto interessante devido a sua riqueza de fatos e de resistência cultural que havia.
Infelizmente no ano seguinte que de fato deveria ser falado o assunto, acabou a professora Andréia não falando sobre ele devido a falta de tempo que ela teve em dar essa matéria porque esse assunto é falado quase no fim do ensino médio, onde os professores acabam reduzindo número de assuntos para se adequar ao calendário escolar.
O que aprendi sobre ditadura militar foi por esforço individual.
Talvez por causa desse espaço dedicado ao tema sobre ditadura militar no final do ensino médio que muitas pessoas da minha geração e até jovens de 16 anos resolveram apoiar Bolsonaro, ter ideias erradas de patriotismo e ainda achar que fatos horríveis sobre ditadura militar são fatos inventados pela esquerda comunista.
Se alguém numa escola sabe sobre ditadura militar é porque vive numa escola particular ou até pública de qualidade ou por esforços como minha ex professora de história para que esse tema fosse conhecido por alunos.
Os mais prejudicados por esse descaso sobre ditadura militar nas salas de aula são os alunos pobre vindo da periferia como Baixada Fluminense e São Gonçalo que infelizmente tem parentes mais velhos da família que viveram na égide da ditadura militar de forma pacífica porque mesmo sendo acossados por policias corruptos ligados a esquadrão do crime e matadores de aluguel, eram corpos dóceis com pouca instrução escolar e que viviam de apenas trabalhar e de ir na igreja e assim não preocupando o regime militar.
A reforma do ensino médio em vez de colocar no currículo escolar matérias inúteis deveria separar história em dois ou até em quatro partes para o aluno conhecer a história de nosso país. Deveria ter matéria como História do brasil para que alunos conhecessem mais a fundo sobre a história de nosso país, o que incluiria a ditadura militar.
Fora que deveriam ter museu sobre a época da ditadura militar e campanhas educativas falando como a ditadura militar foi prejudicial a nossa democracia brasileira.
Muito ainda tem que ser falado e descoberto sobre esse tema como o competente ministro dos direitos humanos Sílvio de Almeida tem feito ao tentar recriar a Comissão da Verdade.
Mas ainda é pouco. O governo Lula deve fazer que alunos da atual geração saiba como a ditadura militar acabou com o nosso país e assim que eles não elejam um novo fascista para nos governar.